A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (tDCS, do inglês transcranial Direct Current Stimulation) é uma técnica de neuromodulação não invasiva que vem ganhando destaque na área da reabilitação, especialmente em condições neurológicas como o Acidente Vascular Cerebral (AVC), lesões cerebrais traumáticas, depressão e dor crônica.
Mas o que é, afinal, a tDCS? E como ela pode contribuir para a recuperação de pacientes?
O que é tDCS?
A tDCS consiste na aplicação de uma corrente elétrica de baixa intensidade (geralmente entre 1 a 2 mA) no couro cabeludo, por meio de eletrodos posicionados em áreas específicas da cabeça. Essa corrente não é suficiente para causar um potencial de ação, mas modula a excitabilidade neuronal, facilitando ou inibindo a atividade de determinadas regiões cerebrais.
O eletrodo ânodo (positivo) tende a aumentar a excitabilidade cortical, enquanto o cátodo (negativo) reduz essa excitabilidade. Dessa forma, é possível direcionar a estimulação para áreas cerebrais que se deseja ativar ou inibir, de acordo com os objetivos terapêuticos.
Como a tDCS atua no cérebro?
A principal ação da tDCS está relacionada à modulação da plasticidade sináptica — ou seja, a capacidade que o cérebro tem de reorganizar suas conexões neuronais. Isso é especialmente importante em processos de reabilitação, onde o objetivo é promover a recuperação de funções perdidas ou comprometidas.
Além disso, estudos mostram que a tDCS pode influenciar neurotransmissores como o GABA (ácido gama-aminobutírico) e o glutamato, impactando diretamente nos circuitos excitatórios e inibitórios do cérebro.
Aplicações da tDCS na reabilitação
A tDCS tem sido estudada e utilizada em diversas áreas da reabilitação, como:
Reabilitação pós-AVC: A técnica pode ser aplicada para estimular o hemisfério cerebral afetado e/ou inibir o hemisfério oposto, promovendo um melhor equilíbrio inter-hemisférico e facilitando a recuperação motora.
Dor crônica: A estimulação de áreas como o córtex motor primário tem mostrado efeito analgésico em pacientes com dor neuropática ou fibromialgia.
Transtornos do humor: A tDCS vem sendo investigada como alternativa ou coadjuvante no tratamento de depressão, especialmente em pacientes resistentes a medicamentos.
Doença de Parkinson, esclerose múltipla e lesão medular: A técnica também vem sendo explorada para melhorar sintomas motores e fadiga.
Segurança e limitações
A tDCS é considerada segura quando aplicada corretamente, com protocolos estabelecidos e por profissionais treinados. Os efeitos adversos mais comuns são leves e transitórios, como sensação de formigamento, coceira no local dos eletrodos ou dor de cabeça leve.
No entanto, é importante destacar que a eficácia da tDCS pode variar entre os indivíduos, e que ela deve ser sempre utilizada como parte de um plano terapêutico mais amplo — nunca de forma isolada ou substituindo outras formas de reabilitação.
Considerações finais
A tDCS representa uma ferramenta promissora no campo da neuroreabilitação, oferecendo uma forma acessível, segura e relativamente simples de potencializar os efeitos de terapias convencionais. Seu uso integrado à fisioterapia, terapia ocupacional ou fonoaudiologia pode gerar benefícios importantes na recuperação funcional de pacientes com diversas condições neurológicas.
Com a constante evolução das pesquisas, espera-se que a tDCS se torne cada vez mais uma aliada da reabilitação baseada em evidências — sempre com foco na individualização e segurança do paciente.
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