A Terapia Ocupacional coloca a ocupação humana no centro do processo de recuperação. Quando um Acidente Vascular Cerebral, um Traumatismo Cranioencefálico, uma lesão medular ou doenças neurodegenerativas comprometem a capacidade de realizar atividades cotidianas, o terapeuta ocupacional atua como mediador entre limitações neurológicas e as exigências da vida real.
O primeiro passo é uma avaliação detalhada que não se restringe ao quadro motor ou cognitivo: investiga-se como a pessoa se alimenta, veste-se, se locomove, trabalha e interage socialmente. Instrumentos padronizados, entrevistas e observação direta ajudam a traçar um perfil ocupacional e a identificar barreiras ambientais, desde degraus na porta de casa até a ausência de adaptações no ambiente laboral.
Com base nesse diagnóstico, o profissional propõe intervenções individualizadas. Técnicas de treino de tarefa específica permitem ao paciente reaprender gestos finos requeridos para escrever, cozinhar ou manusear dinheiro. Abordagens intensivas, como a Terapia de Restrição e Indução de Movimento (CIMT), estimulam o uso do membro afetado após um AVC, enquanto tecnologias assistivas como talheres engrossados, órteses dinâmicas, softwares de comunicação alternativa, compensam déficits persistentes e ampliam a independência. Em paralelo, estratégias cognitivas e sensório-motoras são incorporadas às rotinas diárias, favorecendo a reorganização cerebral por meio de atividades significativas.
O campo de atuação da TO é igualmente versátil. No hospital e no ambulatório, o objetivo é acelerar a alta e garantir uma transição segura para o domicílio. Já em visitas domiciliares, adapta-se o ambiente e orienta-se a família, evitando quedas e sobrecarga do cuidador. Finalmente, em programas comunitários e no retorno ao trabalho, o terapeuta ocupa-se da reinserção social, dialogando com escolas, empresas e serviços públicos para remover barreiras arquitetônicas e atitudinais.
Estudos apontam ganhos consistentes de independência em Atividades de Vida Diária, menor risco de complicações secundárias e melhora na autoestima de pessoas reabilitadas com Terapia Ocupacional. Telereabilitação, realidade virtual e robótica despontam como tendências que poderão ampliar o alcance dessas intervenções, mas permanecem desafios relacionados ao acesso e à integração de equipes multiprofissionais nas redes públicas e privadas de saúde.